Fiel a um patriotismo telúrico, o grande poeta da montanha, apresenta-se ante nossos olhos como um autor perfeitamente identificado com a realidade telúrico-social portuguesa. As páginas, que lhe saem da pena, são carne viva onde se estampa o plasma matricial da pátria.
A “parábola” dos seus dias é o auto-retrato de Portugal, um mapa físico e espiritual da pátria, onde se revela um Portugal real, cheio de virtudes e defeitos, que quer caminhar para um futuro de liberdade, progresso e justiça social, sem perder os valores matriciais, que são o timbre da sua identidade, tantas vezes ameaçada e prostituída pela visão míope dos turibulários do poder e a astenia cultural e patriótica do povo, siderado pelos acenos transfronteiriços. Um Portugal que, masoquisticamente, se desfigura, envergonhado da sua identidade própria. Um Portugal que ele conhece de tanto o percorrer numa procura desenfreada do sinal da nossa originalidade profunda: “É o sinal da nossa originalidade profunda que eu procuro por todas as romarias, festas, feiras e fainas de Portugal” (Diário, Guimarães, 8 de Agosto de 1949).
Este peregrinar constante do homem que comia terra pela pátria portuguesa leva-o a afirmar o seu telurismo: “sou, na verdade, um geófago insaciável necessitado diariamente de alguns quilómetros de nutrição. Devoro planícies como se engolisse bolachas de água e sal, e atiro-me às serranias como à broa da infância. É fisiológico, isto. Comer terra é uma prática velha do homem. Antes que ela o mastigue, vai-a mastigando ele. O mal, no meu caso particular, é que exagero. Empanturro-me de horizontes e de montanhas, e quase que me sinto depois uma província suplementar de Portugal” (Diário, Gerês, 17 de Agosto de 1958).
A obra de Torga é testemunho testamento do Portugal mítico, universal, humanista. Português com quantos glóbulos lhe correm nas veias, Torga, pela sua obra, é a fotografia autêntica da nossa personalidade profunda, inconfundível, depurada da heterogénea idiossincrasia e do sincretismo cultural que configura a nação portuguesa.
Torga é o indómito defensor da nossa autenticidade, pretendendo vencer a osteomalácia da nossa vertebração patriótica, que a densa cegueira axiológica nos impede de identificar e defender numa ânsia histriónica e desaustinada de afirmação no mundo, uma apologia que, por vezes, se transforma em penitência: “guardião lírico da identidade nacional, padeço tormentos sempre que a vejo ameaçada” (Diário, Funchal, 25 de Agosto de 1980). Apostado numa busca desenfreada de um paroxismo de lusitanidade, é o radar perscrutador que melhor nos desfibra e formulou numa hipérbole a síntese que nos define e nos identifica, como heróis específicos, enraizados mais espiritual do que carnalmente, num chão determinado.
. Representantes do Distrit...
. Remate
. O Negrilho:O outro poeta ...
. Testemunho do Presidente ...
. A defesa da liberdade e a...
. Um Portugal ibérico e uni...
. Torga, Portugal antropomo...
. O telurismo torguiano e a...
. Diário
. Apresentação da nossa esc...
. Livros publicados e prémi...
. Abertura
. Links uteis para conheceres melhor o autor!
. Torga
. Miguel Torga "figuras da cultura portuguesa"
. Torga
. Miguel Torga: "O Singular Autor Transmontano"
. Miguel Torga "Rota dos Escritores"
. A nossa escola!
. São Martinho de Anta "O Reino Maravilhoso"
. Sapo